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Publicado a 10 de setembro de 2025
Vivemos num período de oportunidades, onde a economia circular e a sustentabilidade estão na ordem do dia pelas melhores razões, e a sociedade tem criado condições para aproveitar a oportunidade de transformar os resíduos orgânicos em recursos. Sem dúvida que a melhor solução para a valorização de resíduos orgânicos é a agricultura.
A matéria orgânica, componente fundamental para a fertilidade do solo com influência nas suas características físicas, químicas e biológicas, é a base de um solo saudável e vigoroso, como reconhece a Estratégia Europeia para os Solos, que visa a recuperação da saúde dos solos até 2050. Qualquer estratégia para o reaproveitamento dos resíduos orgânicos que ignore esta realidade está condenada, especialmente num país onde os solos apelam à incorporação de matéria orgânica.
Desperdiçar recursos não é só economicamente insustentável, é acima de tudo, ambientalmente irresponsável. É, por isso, essencial criar condições para aproveitar a valorização dos resíduos orgânicos como fator de produção, principalmente numa fase em que se pede à agricultura que produza mais, com maior qualidade e de forma sustentável.
Contudo, é necessária legislação que funcione e processos de licenciamento rápidos e eficientes que privilegiem uma abordagem pragmática, e que beneficiem os resultados sem descurar a segurança e a transparência, fomentando o investimento privado.
Produzir utilizando fertilizantes orgânicos para além de ser uma opção tecnicamente válida e segura, é também uma maneira de valorizar com base na ciência e num desígnio nacional, em linha com o Plano Nacional de Agricultura Sustentável e com os instrumentos do PEPAC, que incentiva a utilização de práticas regenerativas na agricultura. Representa a materialização maior dos princípios da economia circular, reduz a pegada ambiental, e cria uma agricultura mais resiliente e sustentável. Importa salientar que o futuro da gestão de resíduos orgânicos em Portugal, não depende de tecnologias que ainda não existem ou de soluções por inventar. Depende, unicamente, da nossa capacidade de implementar, de forma eficaz e em escala, soluções já conhecidas.
A compostagem não é novidade, nem uma experiência moderna. É a ciência a replicar um processo biológico e natural de decomposição da matéria orgânica, que quando controlada e monitorizada garante um composto higienizado, rico em nutrientes, que oferece ao solo benefícios comprovados.
É este o processo adotado nas Plataformas de Compostagem da PreZero Portugal, onde produzimos, desde 2013, o composto orgânico TerraMais, criado através de compostagem de resíduos orgânicos.
O TerraMais é um produto estável, seguro e com qualidade agronómica reconhecida, sendo já utilizado por agricultores em diferentes regiões do país com excelentes resultados. A sua aplicação regular contribui para uma melhoria significativa da fertilidade dos solos, permitindo reduzir custos de fertilização, devolvendo ao solo o que dele foi retirado, a verdadeira economia circular. Representa um exemplo prático de como é possível transformar o "problema" numa solução valiosa, promovendo a sustentabilidade e a eficiência dos sistemas de produção.
A agricultura está pronta para ser a parceira natural neste processo. Os operadores de gestão de resíduos orgânicos demonstram, há mais de 30 anos, que são parte da solução e estão preparados para fazer a ponte entre quem produz resíduo e quem o utiliza. A vontade, a tecnologia e o conhecimento existem, como reconhece o Plano de Ação para a Economia Circular e o Plano Nacional de Agricultura Sustentável, que defendem a criação de sinergias eficazes entre setores estratégicos para uma transição ecológica concreta. Transformar resíduos orgânicos em algo mais valioso, como composto ou biometano, é essencial para um futuro sustentável para todos.
"O meu pai faz crescer flores do lixo" é uma frase da minha filha Rita que, com 4 anos, simplifica e traduz, com surpreendente clareza, o propósito do trabalho que desenvolvo há 25 anos e que diariamente continuamos a concretizar na PreZero.
Ricardo Silva
Responsável de Tratamento da PreZero Portugal