Publicado a 5 de julho de 2022
Vivemos num mundo em que a população não para de crescer e em que cada vez mais pessoas vivem em cidades. Segundo as Nações Unidas, em 2050, 68% dos 9,7 mil milhões de pessoas que existirão à data viverá em cidades.
Mas, no mundo ocidental e ao invés das projeções das Nações Unidas, algumas cidades experimentaram ou projetam declínios demográficos, seja por envelhecimento, seja por razões económicas, seja por perda de competitividade para com outras cidades vizinhas. E, nestes últimos meses, a pandemia criou uma tendência para as pessoas procurarem locais mais calmos para viver.
Assim, se, antigamente, as cidades foram locais de concentração de massas à procura de melhores condições de vida, com todos os problemas que daí advieram (despersonalização, descaracterização, insegurança…), hoje em dia, a emergência de uma nova consciência coletiva, exige que as cidades se assumam como lugares de vida, com oportunidades de trabalho mas, também, onde as pessoas podem estabelecer laços, criar os seus filhos, encontrar experiências culturais e de lazer, envelhecer, desenvolver um sentimento de pertença e de comunidade. Tudo isto num ambiente são e seguro.
As pessoas estão agora, como sempre deveriam ter estado, no centro de tudo. É a elas que os decisores políticos devem querer cativar. São elas que permitem que as empresas prestem os seus serviços. São elas que dão vida aos locais. É, pois, essencial que as cidades se assumam como polos de atração do capital humano, que criem uma dinâmica que envolva as pessoas e as empresas, escutando e antecipando as suas necessidades, num círculo virtuoso de evolução.
Para isso, terão de implementar novas ferramentas e soluções que lhes permitam uma visão holística dos seus departamentos, serviços, infraestruturas e território numa arquitetura que os integre, mas onde, também, os seus residentes estejam envolvidos com fluxos de comunicação multidirecional que envolvam todas as partes interessadas e que as faça sentir que, em cada momento, dispõem de informação útil, atual e, mais relevante, que são importantes. Surgem as cidades inteligentes e recetivas como territórios que, promovendo a sustentabilidade económica e a economia circular, envolvem a comunidade e abraçam novas tecnologias e a inovação, alcançando uma visão integral e integrada do seu território, das suas empresas e das suas pessoas.
Dou como exemplo o contrato de 16 anos entre a Câmara Municipal de Tomar e a PreZero Portugal, designado por Smart City Tomar, que faz da cidade uma referência na gestão inteligente dos recursos e território, e no envolvimento dos cidadãos. Este contrato inclui a iluminação pública inteligente e conectada, e o desenvolvimento de quatro pilotos, nomeadamente de monitorização da utilização de bocas de incêndio, da qualidade do ar e da água, dos níveis de cheias do rio Nabão e a implementação de um software de inteligência artificial que se serve de uma rede LoRaWAN para gerir todo o sistema de comunicações IoT.
O projeto Smart City Tomar, capitaliza as poupanças conseguidas através da implementação de um sistema de iluminação pública conectada LED, abrangendo cerca de 14 mil luminárias, com as quais financiará a instalação de uma solução de inteligência artificial para a gestão de serviços no município. Através de uma rede de comunicações LoRaWAN, que cobrirá todo o território do concelho, o Município de Tomar não só irá comandar as várias soluções desenvolvidas no projeto, como também poderá agregar serviços a desenvolver e a integrar no futuro, indo ao encontro das necessidades dos seus cidadãos, departamentos e território.
A trabalhar para a materialização deste novo paradigma, a PreZero Portugal tem desenvolvido soluções integrais para as cidades, envolvendo os seus responsáveis, articulando os seus vários departamentos e desenhando as respostas mais adequadas a cada necessidade. Tudo com o sentido de responsabilidade de um operador que assegurará a implementação, financiamento e manutenção das soluções ao longo do tempo.
Duarte Torres
Diretor de Infraestruturas da PreZero Portugal
Licenciado em Direito e MBA com especialização em Finanças, desempenhou vários papéis corporativos nacional e internacionalmente, onde se destaca a pertença à equipa executiva que liderou a entrada no mercado polaco da divisão de serviços do Grupo Ferrovial. É presentemente, Diretor de Infraestruturas da PreZero Portugal, S.A., posição que assumiu em 2014.