Publicado a 25 de fevereiro de 2025
Equilíbrio entre dados, processos e emissões
Quando se trata de esforços de sustentabilidade, o conceito de Zero Resíduos tem vindo a ganhar um destaque considerável como um tema central das discussões, e por boas razões. No entanto, para muitas empresas, iniciar o caminho para Zero Resíduos pode parecer uma tarefa difícil.
As empresas e as organizações começam a sentir a pressão para se tornarem mais responsáveis do ponto de vista ambiental, devido à iminência de regulamentação e ao aumento dos custos de produção. E embora seja difícil adaptar-se a qualquer grande mudança, está na altura de todos reconhecerem e aceitarem que a visão Zero Resíduos não é apenas uma tendência temporária. Pelo contrário, representa uma estratégia abrangente, alinhada com as expectativas tanto das entidades reguladoras como dos clientes socialmente conscientes.
Felizmente, existe uma resposta para traçar o caminho para esta mudança, que está a transformar, significativamente, a forma como as organizações abordam a gestão de recursos. No centro desta transformação existem três elementos críticos: utilização de dados, otimização de processos e gestão de emissões. A compreensão destes fatores interligados cria a base para um modelo de negócio mais sustentável, eficiente e, também importante, rentável.
Decisões baseadas em dados
Como em qualquer grande iniciativa, a primeira pergunta é, frequentemente, “Por onde começar?”. Na gestão de resíduos, a resposta é simples: Dados, dados e, ainda, mais dados. Sem uma recolha e análise aprofundada de dados, os esforços de sustentabilidade operam, essencialmente, sem direção.
O primeiro passo é estabelecer um sistema eficaz de recolha de informações sobre fluxos de resíduos e processos relacionados. Este sistema deve ser capaz de acompanhar vários aspetos, como os tipos e volumes de resíduos produzidos, os métodos atuais de deposição e as taxas de reciclagem. Estes dados abrangentes dão uma imagem clara de todo o panorama dos resíduos.
A comparação destes dados sobre resíduos com as normas do setor é igualmente importante. Mostra a posição de uma organização em relação aos seus pares, tanto em termos de gestão de resíduos como de emissões de CO2e, e possíveis formas de as reduzir.
No entanto, a recolha de dados é apenas o início. O verdadeiro valor emerge da análise, que ajuda a identificar tendências, ineficiências e oportunidades de melhoria. A análise regular ajuda a aperfeiçoar as práticas de gestão de resíduos, fornecendo objetivos exequíveis e baseados em dados. Facilita, assim, a tomada de decisões informadas sobre a alocação dos recursos e permite o acompanhamento do progresso em rumo aos objetivos de Resíduos Zero.
Com as novas regulamentações e a crescente procura de conteúdo reciclado nos produtos, uma abordagem orientada para os dados ajuda as empresas a formar parcerias valiosas, em que os resíduos de uma empresa se transformam no contributo de outra. Ao analisar os dados do fluxo de resíduos, as empresas podem também identificar materiais recicláveis nos seus próprios resíduos, assegurando um fornecimento de recursos reutilizáveis para si próprias ou para outros.
É importante notar que esta utilização dos dados se estende para lá das operações internas. As empresas que comunicam os resultados e os objetivos com maior transparência demonstram responsabilidade e progresso aos stakeholders. Consequentemente, uma comunicação clara e baseada em dados sobre os esforços de sustentabilidade, reforça a sua reputação e cria confiança junto dos clientes, investidores e entidades reguladoras.
Dotadas deste conjunto de dados, as organizações estão bem equipadas para tomar decisões informadas e avançar para a remodelação dos processos tendo em conta os princípios de Zero Resíduos.
Reimaginar processos
Com os dados disponíveis, organizados e analisados, o próximo passo é utilizar essas informações para melhorar os processos. Por vezes, este passo exige mesmo que se repensem fundamentalmente as operações, a partir do zero.
Antes de implementar algo novo, é importante realizar uma gestão de resíduos, ou mais concretamente, uma análise do nível da maturidade de uma estratégia de Zero Resíduos, como a Análise da Maturidade de Zero Resíduos que temos disponível no nosso website, e que permite avaliar o estado atual de todas as iniciativas Zero Resíduos. Esta avaliação pode identificar ineficiências e lacunas nas práticas de gestão de resíduos em funcionamento, proporcionando desta forma uma plataforma sólida para o progresso futuro.
A partir desta base de referência, as organizações/empresa podem, então, implementar novos processos para avançar com os seus objetivos de gestão de resíduos, sejam estes objetivos de Zero Resíduos, objetivos gerais de redução de resíduos ou para melhorias específicas no fluxo de materiais. Estes processos podem até incluir sistemas de retoma e logística otimizada. Tais iniciativas, juntamente com parcerias estratégicas com fornecedores de serviços ambientais como a PreZero, facilitam a recolha e a reciclagem de produtos usados e maximizam a reutilização de materiais.
Um aspeto normalmente subestimado é a incorporação de quaisquer considerações de reciclagem no design do produto. A escolha de materiais que permitam uma fácil desmontagem e recuperação garante que cada componente contribui para um ciclo de vida sustentável desde o início.
Para orientar estes esforços de forma eficaz, a abordagem R-Ladder pode ajudar as empresas e organizações a dar prioridade às melhores práticas na gestão de recursos. Esta estrutura que, normalmente, inclui etapas como Rejeitar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, fornece uma forma estruturada de aplicar os princípios da economia circular ao lidar com resíduos. Oferece uma hierarquia de ações que incentivam as empresas a evitarem primeiro a produção de resíduos desnecessários e depois a reduzir os mesmos, antes de considerarem as opções de reutilização e reciclagem.
Para além dos processos de afinação, é igualmente importante que as organizações prestem atenção aos padrões da indústria e às certificações reconhecidas. Ao alinharem-se com normas estabelecidas, como a norma DIN SPEC, as empresas podem validar as suas abordagens e aderir às melhores práticas de acordo com os princípios de Zero Resíduos. Este tipo de alinhamento cria um caminho claro que leva as empresas a comprometerem-se a atualizar os seus fluxos de trabalho com consistência e com melhorias mensuráveis.
Gestão das emissões
Para além do objetivo principal de reduzir os resíduos evitáveis, uma estratégia de Zero Resíduos bem executada também considera o seu potencial impacto nas emissões. Ao implementar modelos de negócio circulares, as empresas podem reduzir significativamente a sua pegada de carbono e otimizar a gestão de recursos.
Dado o impacto benéfico das estratégias de Zero Resíduos nas emissões, o controlo destas reduções tornou-se imperativo. Especificamente, a monitorização das emissões de CO2e (equivalente a dióxido de carbono) é cada vez mais importante, tanto por razões ecológicas como por conformidade regulamentar.
Para além de demonstrar um compromisso com a sustentabilidade, esta abordagem geral simplifica a conformidade com os regulamentos de comunicação, como a Diretiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativo (CSRD).
Com base nesta estratégia, as organizações podem reduzir ainda mais as emissões, especialmente através da aplicação dos princípios da economia circular. Em particular, a reutilização e a reciclagem contínuas de materiais contribuem significativamente para esta redução de emissões. Por outras palavras, ao manter os materiais em utilização durante mais tempo, as empresas diminuem a necessidade de extração e processamento de materiais virgens, reduzindo substancialmente as emissões globais.
Uma abordagem holística para Zero Resíduos
Zero Resíduos significa muito mais do que simplesmente menos resíduos nos aterros. É um repensar completo da nossa relação com os recursos. Ao utilizar dados para tomar decisões informadas, otimizando os processos para a eficiência e circularidade, e integrando a gestão de emissões, as empresas e organizações encontram-se no bom caminho para criar uma estratégia de sustentabilidade equilibrada.
A implementação dos princípios de Zero Resíduos em cada empresa é única, exigindo estratégias adaptadas que se alinham com objetivos específicos e realidades operacionais. Este percurso exige uma melhoria contínua através de uma reavaliação regular dos dados, do aperfeiçoamento dos processos e da abertura a inovações na gestão ambiental, incluindo as relacionadas com as emissões e o clima.
Ao adotar esta abordagem holística, as empresas reduzem drasticamente o seu impacto ambiental e posicionam-se com sucesso como líderes em sustentabilidade, bem preparadas para enfrentar os desafios e as oportunidades do mundo em constante mudança.
Este artigo inspirou-o para pôr em prática a equação Zero Resíduos? Dê o primeiro passo no rumo a uma estratégia de Zero Resíduos!