Publicado a 30 de outubro de 2023
O anseio por um futuro mais limpo surge, em contraponto, com o impacto indesejado da ação humana. Este desejo legítimo tem sido, contudo, progressivamente capturado por uma idealização de um futuro “limpo”, desumanizado, associado a uma natureza intocada. Mas a minha visão é diferente: vejo um futuro onde o Homem deixa de olhar para si como uma entidade externa à natureza, passando a integrar as suas ações nos ciclos naturais, de forma sustentável.
A sustentabilidade entre o Homem (sociedade), as suas ações (economia) e o ambiente, implica a sincronização dos ciclos humanos com os ciclos da natureza. É neste esforço que a teoria da Economia Circular desempenha um papel central.
Economia Circular
Embora o conceito de Economia Circular possa ser considerado mainstream, a sua definição é tudo menos unânime, contando já com várias definições diferentes. Definir este termo pode parecer desafiador, porém esta complexidade pode-se dissolver ao compreendermos alguns conceitos-chave que lhe estão subjacentes, nomeadamente:
• Gestão (inteligente) de Recursos;
• Inspiração na Natureza;
• Economia Linear;
• "Closed Loops"
Gestão (inteligente) de Recursos
O caminho para um "futuro mais limpo" está na gestão (inteligente) dos recursos utilizados na economia. A otimização é a chave, já que garante que cada recurso que entra na economia seja utilizado de maneira sustentável e mantido em ciclos consecutivos, antes de voltar ao ambiente de forma neutra ou com um impacto regenerativo, fortalecendo os ciclos naturais.
Inspiração na Natureza
A natureza deve ser entendida como um departamento de Investigação e Desenvolvimento, que apoia a transição para a Economia Circular. Ao longo de milhões de anos, a eficiência com que esta gere os seus recursos tem sido otimizada. Deste modo, ao incorporarmos estas estratégias na nossa economia, promovemos o aumento da sua eficiência.
Economia Linear
A Economia Linear define-se pela remoção de recursos da natureza, transformação e respetiva eliminação, sem consideração pelo impacto ambiental causado. Este sistema é sustentado pela ideia de que o ser humano e sua economia são entidades separadas da natureza, e por uma visão de curto prazo com que percebemos os ciclos destes recursos. A má gestão dos recursos naturais, que a Economia Linear promove, resulta em ciclos demasiado longos, que não permitem a sua reutilização em tempo útil.
“Closed loops”
A Economia Circular propõe a quebra dos ciclos excessivamente longos, tornando-os cada vez mais curtos: maximiza a utilidade dos recursos e minimiza as perdas. A PreZero enquadra-se exatamente nesta estratégia de Economia Circular, promovendo a reciclagem e a recuperação de resíduos, e reintroduzindo-os na economia com novas funções.
Conseguir atingir o objetivo de um futuro mais limpo depende, assim, da nossa capacidade de aumentar a circularidade da economia, integrando-a com os ciclos naturais e promovendo um impacto regenerativo sobre o ambiente.
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Luís Martins
Responsável de Qualidade, Ambiente e Segurança do Centro de Triagem da Lipor
Engenheiro do Ambiente licenciado pela Universidade Católica Portuguesa. Integrou a Cespa em 2007, permanecendo na empresa após a aquisição da mesma pelo Grupo Ferrovial. Atualmente é Responsável de Qualidade, Ambiente e Segurança da PreZero Portugal no Centro de Triagem da Lipor.